segunda-feira, 18 de agosto de 2014

O ISLAMISMO NA ÁFRICA
*Gabriel Souza
A relação entre árabes e africanos datam de muitos
séculos. Mas, é com o advento do Islamismo,
que de fato os árabes começaram a se estabelecer no
continente africano, um processo iniciado, a parti
r de
639 d.C. Os árabes chegam ao Egito e inicia a sua o
bra de “conversão”. Entre avanços e recuos, num
confronto por vezes violento com a religião tradici
onal, o Islã vai se impondo, e intercambiando com e
ssa
religião aspectos fundamentais.
1
Depois da conquista pelas armas, os mercadores árab
es passaram a atingir regiões onde buscavam
fortuna em forma de marfim, ouro e, principalmente,
escravos. Com eles, levaram sua religião: o africa
no
não tinha qualquer alternativa; ou se tornava um cr
ente ou era tachado de infiel.
A idéia muçulmana da existência de um Deus único su
premo, não era desconhecida dos africanos.
E, a lei do Alcorão
2
não conflitava, basicamente, com os costumes das t
ribos. O setor das crenças e práticas
religiosas dos nativos da Nigéria oferece uma clara
ilustração da unidade latente que caracteriza as t
radições
dos diversos grupos étnicos do país. Todos os povos
da Nigéria acreditam na existência de um Ser Supre
mo,
conhecido por Olorum ou Olodumaré entre os Yorubás,
Osenabua entre os Idos, Chineke entre os Ibos,
Obasi entre os Efiks, Ogheges entre os Isokos, Orit
ses entre os Itsekiris e Awundus entre os Tivs, par
a citar
alguns exemplos.
3
A “conversão”, se é que se pode chamar desta forma,
que ocorreu na África Ocidental entre as
práticas da religião tradicional e o islamismo, res
ultou, antes de tudo, de ter o Islã aprendido a tol
erância, a
adaptabilidade, a capacidade de respeitar o modo de
viver tipicamente africano das sociedades tradicio
nais,
facilitando aos habitantes do Sudão o ingresso sem
o abandono da crença ancestral, nesse “clube” fecha
do
e prestigioso. Mediante essas práticas fáceis, o in
iciado terá o sentimento de fazer parte não somente
do
povo eleito por Alá, mas, também e, sobretudo, da p
equena elite local. Porque existe um snobismo islâm
ico:
o africano do sul do Saara experimenta verdadeiro p
razer em vestir as roupas largas dos muçulmanos, em
pôr um ‘fez‘ ou um ‘chechia‘ na cabeça, em se prost
ernar cinco vezes por dia em direção a Meca, imitan
do o
Profeta. Tudo o que é árabe ou muçulmano suscita o
mais vivo interesse entre as populações nativas.
4
Sem dúvida o islamismo negro é uma religião sincrét
ica, na mesma medida em que na própria
Arábia a prática islâmica estaria permeada de usos
considerados supersticiosos. O uso mágico dos texto
s do
Corão está divulgadíssimo, e na verdade, já que par
a boa parte dos fiéis os textos do livro sagrado nã
o têm
nenhum sentido, não é fácil precisar onde acaba o u
so religioso do mesmo e começa o uso mágico; mas à
1
Nei LOPES,
Bantos, malês e identidade negra
. p. 25.
2
ALCORÃO: ou Corão é o conjunto de livros sagrados
dos muçulmanos, que professam os ensinamentos de
Maomé, através da religião Islâmica ou Islamism
o.
3
A religião tradicional. In:
Aspectos da cultura da Nigéria.
série II, p. 9. Informativo do Consulado da
Nigéria em Brasília. Departamento de informação
e Divisão de publicidade externa, Ikoyi, Lagos.

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